Olá, aqui é o Matheus com
mais uma nova postagem e após a estréia da categoria Lista 5 com os 5 Times que caíram em Ostracismo, vou falar agora
de um jogo marcante na história do Majestoso. Hoje vocês verão sobre a Tarde
das Garrafadas, tema este sugerido pelo meu amigo Marcello, que a propósito, é torcedor do tricolor paulista. Antes de prosseguir, quero avisar que não torço para nenhum dos 2 clubes que protagonizaram esta partida e nem quero desmerecer um deles ou exaltar o outro, apenas relatar o fato que aconteceu e falar sobre essa partida que entrou pra história como uma das mais marcantes do clássico. Então sem mais
enrolações vamos falar desse acontecimento histórico.
Contexto Histórico
Em 1957 no Brasil ainda não existia
um torneio nacional de clube, sendo que os principais torneios das equipes eram
os campeonatos estaduais e alguns torneios regionais como o famoso Torneio Rio- São
Paulo. No caso de São Paulo, obviamente era o campeonato paulista que junto ao
campeonato carioca já eram os principais estaduais do Brasil. E o campeonato de
1957 acabou entrando para a história do Clássico Majestoso (nome dado ao
confronto entre Corinthians e São Paulo, por serem as 2 equipes do estado que mais
venceram derbys /clássicos), com o capítulo da Tarde das Garrafadas, e para
entendermos melhor esse acontecimento, irei falar sobre o momento de cada
equipe.
Ambos os clubes já estavam
entre os maiores vencedores do estado, sendo que o Timão (Um dos vários
apelidos do Corinthians) já era o maior campeão estadual com 15 títulos e o
Tricolor (Uma das várias alcunhas do São Paulo) tinha ao todos 7 títulos, sendo
o 4º maior campeão, ficando atrás do Palmeiras com 12 conquistas e o Paulistano
com 11 conquista (Esse time já estava extinto na época e foi um dos clubes que
após o fechamento, formou o próprio tricolor), sendo que nessa década os 2
juntos até 1956 tinham conquistado 4 títulos, 3 do Corinthians (1951, 52 e 54)
e 1 do São Paulo (1953), além de terem sido vices nas edições de 55 (No caso o
Corinthians) e 56 (nesse caso o São Paulo), ambas as edições vencidas pelo
Santos, no começo da famosa Era Pelé. Vale lembrar que essa época é lembrada
por torcedores corintianos como A Era de Ouro do clube, sendo considerada por alguns torcedores como a melhor da equipe, enquanto que para o São
Paulo, foi uma década que marcou pouco o clube.
Na época os 2 times ao lado
do atual bicampeão Santos estavam entre os favoritos para a conquista. E estes
clubes lutaram até o final pelo título. Para entender melhor, explicarei um
pouco sobre o campeonato dessa temporada. Ele era organizado em pontos corridos
com 20 clubes. Estes se enfrentavam em turno único onde cada vitória valia 2 pontos, cada empate 1
pontos e cada derrota 0 pontos. No final desse turno os 9 primeiros colocados passavam pra outro grupo chamado
de Série Azul com 10 equipes também em pontos corridos com turno e returno onde
o líder seria campeão, os 9 últimos colocados iriam para também um grupo com 10 clubes e
também em turno e returno chamado de Série Branca, onde o lanterna dele seria o
único rebaixado, e o 10º e 11º se enfrentariam em partidas de Play-Off, onde o
vencedor iria pra para Série Azul e o perdedor pra Série Branca.
No final da 1ª fase passaram
Corinthians, Santos, Portuguesa, Jabaquara, São Paulo, Ponte Preta, Palmeiras,
XV Piracicaba, e Botafogo nessa ordem de classificação (do melhor pro pior),
sendo que o Botafogo passou pelo Noroeste nos Play-Off. Na 2ª fase,
Corinthians, São Paulo e Santos brigaram ponto a ponto pelo título sendo que o
Corinthians chegava como líder na penúltima rodada precisando vencer pra ser
campeão antecipado e detalhe, o time estava invicto até aquela rodada, ou seja,
poderia conquistar o título invicto. Porém a derrota para o Santos por 1x0 e a suada
vitória do São Paulo sobre o Palmeiras também por 1x0, fizeram com que a decisão
caísse na última rodada. E quis o destino que o último jogo fosse um Majestoso,
valendo o título do Paulista daquele ano.
A situação era a seguinte: Corinthians e São Paulo chegavam à última rodada com 28 pontos e precisavam da
vitória para ser campeão, sendo que em caso de empate, disputariam um
triangular final contra o Santos que na última rodada, um dia antes do
Majestoso, goleou o Palmeiras por 4x1, assumindo temporariamente a 1ª colocação.
Manchetes da época, http://acervosantosfc.com/wp-content/uploads/2016/12/paulista_1957.png |
O Jogo
No dia 29 de dezembro de 1957
no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Pacaembu,
São Paulo e Corinthians entravam em campo com a obrigação de vencer para ser
campeão. Do lado do Timão tínhamos: Gilmar dos
Santos Neves, Olavo e Oreco; Idário, Valmir e Benedito; Cláudio, Luisinho,
Índio, Rafael e Zague; enquanto do lado do Tricolor tínhamos: Poy, De
Sordi e Mauro Ramos de Oliveira; Sarará, Vítor e Riberto; Maurinho,
Amauri, Gino Orlando, Zizinho e Canhoteiro. Quando a bola rolou,
o 1º tempo viu o São Paulo ter mais domínio da partida, apesar do Corinthians
ter tido as melhores chances. Mas apesar disso tudo, o 1º tempo terminou em 0x0
sendo que a chance mais clara de gol foi do alvinegro que aos 39 minutos,
Benedito chuta uma bola em direção ao gol de Poy que agradece por ela ter
explodido na trave e não ter entrado.
Foto do time do São Paulo, http://memoriasdoesporte.com.br/wp-content/uploads/2017/07/18-5.jpg |
Mas no 2º tempo a história
do jogo mudou. O Corinthians começou logo no início indo com tudo ao ataque e
parecia que faria o gol. Mas ficou no parecia mesmo porque aos 16 minutos, após
uma cobrança de falta de Zizinho, Gino Orlando desvia de cabeça e Amauri entra cara
a cara com Gylmar e marca o 1º do São Paulo na partida. 1 minuto depois Amaury lança
Canhoteiro na esquerda e o ponta dribla Olavo e chuta na saída de Gylmar,
ampliando para o tricolor. Porém quem achava que após o 2º gol do São Paulo a
partida esfriaria se enganou, pois logo aos 21 minutos, Zague cruza na área,
Índio toca de cabeça e Rafael, de bicicleta, diminui pro alvinegro. Após esse
gol a partida ficou em aberto e o Corinthians continuou com a pressão pra cima
do São Paulo tentando empatar de qualquer forma. Porém o ataque corintiano
perdia muitas chances de gol enquanto o São Paulo dava chutão buscando matar o
jogo no contra- ataque. E foi isso que aconteceu, de forma polêmica inclusive. Aos 34
minutos Gino lança a bola na ponta direita, mas o bandeirinha inglês Cross
assinala impedimento de Maurinho. Porém ao perceber que o mesmo vinha de trás
da zaga, abaixou e deixou a jogada seguir. Essa falha do bandeirinha fez Oreco, que estava
marcando o jogador são-paulino na jogada, ficar parado e deixar que o ponta são paulino cara a cara com Gylmar marcasse o 3º do tricolor, praticamente matando o jogo
em 3x1.
Time do São Paulo comemorando o gol de Canhoteiro, https://cdn-images-1.medium.com/max/2000/1*jIhube7IbWOEXlFSU6hTsQ.jpeg |
Após esse gol Maurinho,
relatos dizem que o jogador teria provocado o goleiro corintiano, dando um
tapinha na cara do mesmo e apontando pra bola que estava no fundo das redes, mostrando
para Gylmar onde estava a bola e que isso fez o goleiro do time alvinegro
partir pra cima do ponta são-paulino e então o tempo fechou. Graças à
pancadaria que se instaurou, o árbitro paralisou a partida por alguns minutos
sendo retomada depois. Também não é dito com certeza o tempo que a partida
ficou paralisada, mas sabe-se que ficou em torno de 6 a 10 minutos. Após esse
tempo paralisado, o árbitro retomou a partida que seguiu sem muita emoção, até
o apito final.
Manchetes da partida que acabou entrando pra história do clássico, http://old.gazetapress.com/v.php?1:116789:6 |
Pós- Jogo
Após a o apito final, a
torcida do Corinthians em forma de protesto contra o gol validado pelo
bandeirinha como forma de reclamar do “impedimento” no 3º gol do São Paulo,
começou a tacar pedras, paus e principalmente garrafas em direção ao
bandeirinha atrapalhando a festa do time do São Paulo, que não conseguiu fazer a
volta olímpica no estádio. Por causa desse detalhe, esse jogo ficou conhecido
como a Tarde das Garrafadas.
Foto do time campeão paulista de 1957, http://www.tricolormania.com.br/imagens/titulos/1957.jpg |
Consequências do jogo
Após o término da partida o
São Paulo foi campeão paulista de 1957, sendo que este título é sempre lembrado
pela torcida até hoje como uma das maiores glórias do clube ainda mais se
falando em um majestoso. Já o Corinthians, além de perder o título, caiu para a
3ª colocação graças à vitória do Santos no dia anterior. Esse resultado acabou
sendo visto como um vexame para o time que a 2 rodadas do fim do campeonato,
tinha o título em suas mão e ainda poderia ser campeão invicto.
Porém após esse ano, tanto o
Corinthians quanto o São Paulo passaram por jejuns de títulos e a década de 60 é
sempre lembrada como uma das mais fracas pra ambos os clubes, já que o São
Paulo ficou 13 anos sem conquistar nada, muito por causa da construção do
Morumbi, voltando a comemorar apenas em 1970, e o Corinthians ficou 23 anos sem
ganhar nada de expressão, graças a uma crise instaurada em 1957 que foi o
estopim desse jejum, encerrado apenas em 1977. Esses fatos aliados a época ter
visto o Santos de Pelé e o Palmeiras de Ademir da Guia, fizeram os 2 perderem
muita relevância de demorarem para voltar a ter os holofotes.
Foto do Santos de Pelé bicampeão da libertadores em 1962 e 63, http://www.conmebol.com/sites/default/files/santos1962.jpg |
Foto do Palmeiras de Ademir da Guia, time já tricampeão nacional na época, http://memoriasdoesporte.com.br/wp-content/uploads/2017/06/foto-11.jpg |
Mas uma coisa é certa,
independente da época, o Majestoso tem uma rivalidade tão intensa que
independente da época sempre tem jogos marcantes. E esse acontecimento é só
mais uma prova disso.
Referências Bibliográficas
Todos os links foram acessados no dia 23 de Fevereiro de 2018.