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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Milagre de Belo Horizonte

Olá, meu nome é Matheus dono deste blog que fala sobre o esporte mais amado do mundo, o Futebol, trazendo muitas curiosidades e falando de fatos históricos dele. E para começar o blog falarei de um dos fatos mais marcantes da história da principal competição do futebol, a Copa do Mundo. Sendo mais específico, abordarei a tão lembrada copa de 50 mas não será sobre um dos acontecimentos mais marcantes do futebol brasileiro e sim de uma das, senão a maior zebra desta competição. Um fato que quase não é lembrado aqui no Brasil, creio que seja pelo famoso caso do Maracanazo que nos machuca ou nos machucava até 2014. Porém esse fato esta na memória tanto de ingleses quanto de norte americanos, pois enquanto os primeiros sempre se lembram como um dos maiores vexames da história da seleção, os segundos sempre se lembram como um caso de superação gerando até filme em sua homenagem. Então após a introdução, agora veremos sobre o famoso "Milagre de Belo Horizonte".


Contexto Histórico


Antes, uma básica contextualizada sobre o período que ocorreu a 4ª edição da Copa do Mundo. Após o termino da 2ª Guerra Mundial, havia uma certa ansiedade pela volta de eventos esportivos no mundo, incluindo torneios de futebol. Com a Europa se recuperando dos prejuízos da guerra, aliado ao fato do Brasil ter boas relações com seus vizinhos sul-americanos e do futebol estar crescendo de popularidade, foram os fatores necessários para a escolha de nosso país como sede da copa de 50.
Porém vamos pular esta parte e falar sobre as seleções que protagonizaram o jogo. De um lado tínhamos a Inglaterra, um dos países que lutou contra o eixo e saiu vencedor na 2ª Guerra, tinha se afiliado a FIFA pouco tempo antes da copa.  A seleção a época se dizia a melhor seleção do futebol do mundo, por ser a inventora do futebol e ter criado várias regras que seriam adotadas depois no futebol, acreditando que a copa do mundo não deveria receber tantas atenções assim e muitas vezes preferiam focar em competições regionais ou até mesmo nacionais.
Do outro lado estava os EUA (Estados Unidos da América), país que também lutou contra o eixo, sendo inclusive aliados da Inglaterra e também saindo vitorioso. Diferente dos ingleses, os norte americanos não levavam o futebol (Soccer como é conhecido lá) com a mesma importância e mesmo conseguindo um 3º lugar na 1ª edição realizada no Uruguai (Vencida pelo país sede), sendo essa até hoje a melhor campanha do país em Copas (Isso contando até 2014, última participação do país em copas já que conseguiram ficar de fora da Copa de 2018 na Rússia), nunca teve uma seleção realmente forte a época, formado por um time amador de trabalhadores contando em seu elenco com um professor, um médico da 2ª Guerra, um dono de funerária, etc., além jogadores que eram nascidos em outros países, porém que se naturalizaram. Com isso o time era sempre um saco de pancadas para seleções mais fortes, como será mostrado.
A diferença entre as seleções era clara e as eliminatórias mostraram isso de forma nítida pois enquanto os ingleses avançaram fácil num grupo com Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, os EUA passaram sofrido em um grupo com Cuba e México, sofrendo inclusive 2 derrotas humilhantes para os rivais mexicanos, 6x0 no 1º turno e 6x2 no returno.
Até mesmo em amistosos preparativos essa diferença era vista, pois enquanto a Inglaterra acumulava um total de 23 vitórias seguidas no período pós-guerra, incluindo goleadas de 4x0 sobre a atual bicampeã Itália, 10x0 sobre Portugal e 6x1 sobre o combinado do resto da Europa, os últimos em 1947, os EUA vinham de várias derrotas humilhantes, dentre elas a derrota de 9x0 para a Itália nas Olimpíadas de 1948, e a goleadas sofridas em amistosos para Noruega e Irlanda do Norte por 11x0 e 5x0 ,respectivamente no mesmo ano (1948), e para a Escócia em 1949 por 4x0.
Entre outras palavras enquanto os ingleses chegavam como favoritos ao título mundial, já os norte americanos vinham apenas para não fazer desfeita a FIFA. 


Na Copa do Mundo


Nos sorteios dos grupos, quis o destino que as duas seleções caíssem no mesmo grupo junto de Chile e Espanha. Todos pareciam prever o massacre que viria.
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Seleção inglesa de 1950, https://www.4oito.com.br/files/files/150(1).jpg
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Seleção dos EUA em 1950, http://imagem.band.com.br/f_226519.jpg
Isso ficou ainda mais evidente logo em suas estreias, pois enquanto a Inglaterra venceu o Chile por 2x0, os EUA perderam de 3x1 para a Espanha. Após a estreia, estava marcado o confronto entre os times no histórico estádio Independência que se localiza em Belo Horizonte. Jornais ingleses já estampavam vitória fácil sobre seu adversário, casas de apostas davam como certo goleada do English Team como eram conhecida a seleção a época, até mesmo representantes e o próprio treinador dos EUA acreditava em vitória fácil do time britânico. Apenas como comparativo estamos falando de uma seleção praticamente amadora próxima apenas do semi profissionalismo, contra uma seleção dita como uma das mais fortes que contava com nomes como Stanley Matthews, Stan Mortensen, Tom Finney, Roy Bentley, etc.. Tamanha arrogância do English Team fez com que o treinador poupasse às vésperas do jogo seu principal jogador, Stanley Matthews, que queria aproveitar o descanso no Rio de Janeiro para poder jogar contra a Espanha. Mal sabiam que essa decisão poderia ter mudado o rumo da história.
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Stanley Matthew, principal jogador do English Team e um dos melhores e maiores de seu país, https://www.imortaisdofutebol.com/wp-content/uploads/2013/06/stanley-matthews-blackpool.jpg?w=479

O Jogo


Jogando diante de quase 20 mil pessoas, até então o maior público no qual a seleção norte americana havia se apresentado, o que aconteceu naquela partida foi simplesmente uma das maiores peças que esses esporte tão amado nos apresentou.
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Billy Wright (Capitão da Inglaterra, à esquerda) cumprimenta Ed McIlvenny (Capitão dos EUA, à direita), https://www.imortaisdofutebol.com/wp-content/uploads/2018/02/1950_-_inglaterra_billy_wright_eua_ed_mcilvenny_getty.jpg
Em um jogo onde a Inglaterra teve claro e total domínio sobre o time dos EUA que mesmo sendo dominado, mostrou personalidade na partida aguentando o forte ataque inglês, vendo uma atuação espetacular de seu goleiro Frank Borghi, sendo essas talvez uma das melhores atuações de um goleiro na história do futebol onde ele simplesmente impediu todos os chutes que vinham em direção da sua meta e mesmo aqueles em que não alcançava contava com a sorte da trave estar a seu favor ou de a bola ir para fora. E foi seguindo esse ritmo até que aos 38 minutos do 1º tempo em um arremesso lateral para o EUA, o jogador McIlvenny que era o capitão daquela equipe toca para o Bahr que cruza a bola na área sem muitas pretensões. A bola viaja até encontrar o centroavante  Gaetjens, jogador haitiano naturalizado norte americano, que cabeceou a bola vencendo o goleiro Williams fazendo aquilo que era dito como impossível: Inglaterra 0x1 EUA.
O gol fez a torcida brasileira ir abaixo e calou os que se diziam "Donos da Bola" terminando assim o 1º tempo da partida.
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Imagem da bola entrando para o gol dos EUA, https://www.imortaisdofutebol.com/wp-content/uploads/2018/02/article-2644770-1E548E6B00000578-852_634x430.jpg
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Goleiro dos EUA na partida, Borghi fazendo uma das suas várias defesas no jogo, https://www.imortaisdofutebol.com/wp-content/uploads/2018/02/borghi-england.jpg
E como dito no filme "Duelo de Campeões" pelo treinador dos EUA, Willian "Bill" Jeffrey "Para vencer o English Team vocês tem que demonstrar 2 coisas, a personalidade e a resistência. No 1º tempo vocês mostraram a personalidade, agora no tempo restante mostrem a resistência". E foi exatamente isso que aconteceu. No 2º tempo o time norte americano simplesmente se retrancou e jogou com garra do início ao fim enquanto o English Team foi para o tudo ou nada e simplesmente martelou do início ao fim seu adversário. Porém o gol sofrido no final da 1ª etapa claramente afetou o time que errava muito e perdia várias chances claras de gol. E mesmo quando pareciam que conseguiriam o gol,  o goleiro Borghi defendia, mostrando realmente que estava num dia espetacular e que o resultado seria este mesmo. o time dos EUA ainda tentou um ataque na reta final da 2ª etapa , porém a finalização de Wallace acabou sendo interceptada pelo zagueiro Ramsey. Porém mesmo perdendo esse gol, a vitória já era algo certo e, após uma última tentativa do English Team defendida por Borghi, o árbitro apita decretando o fim do jogo e também uma das maiores zebras da história do futebol. Após o apito os jogadores comemoraram absurdamente e a torcida brasileira invadiu o campo para celebrar a festa.
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Torcida invade o campo após o apito final. Torcedores levantaram jogadores como Gaetjens (da foto), https://www.imortaisdofutebol.com/wp-content/uploads/2018/02/joe-gaetjens-stadium-brazil-e1517506072563.jpg 

Pós-Jogo


Ninguém acreditava no que havia acontecido, sendo que jornais norte americanos estampavam em suas capas o título "Miracle" (Milagre traduzindo ao português) ao que aconteceu. A vitória foi comemorada como um título para os jogadores que não esperavam por isso e assim como os torcedores acreditavam que o time perderia feio para o English Team.
Enquanto isso  os ditos "Donos da Bola" estavam pasmos e protestavam contra o time que conseguiu pagar este vexame. Alguns torcedores reclamaram do fato do time norte americano ter jogadores que eram naturalizados, mas como forma clara de não aceitar a derrota sofrida.  A surpresa foi tanta que jornais da Inglaterra quando recebiam a notícia de que o jogo tinha sido Inglaterra 0x1 EUA, eles "consertavam" o placar colocando Inglaterra 10x1 EUA, acreditando que tinham recebido informação errada. Mas na verdade esse era o resultado realmente.
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Jornal da época exaltando a derrota para um time amador, https://www.imortaisdofutebol.com/wp-content/uploads/2018/02/jornal.jpg
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Jogadores do feito sendo homenageados em cena do filme "Duelo de Campeões", http://www.baudofamily.com/game0875s.jpg
Após essa partida tanto a Inglaterra quanto os EUA jogaram mais uma partida, buscando a classificação. Enquanto os ingleses perderam de 1x0 da Espanha e viram a Fúria passar para o quadrangular final, os norte americanos foram atropelados pelo Chile por 5x2. O resto da copa já é a história que todos conhecem.

Consequências do jogo


Algumas consequências do jogo afetaram principalmente a Inglaterra que caiu na real e viu que ela realmente não era a dona do futebol, muito pelo contrário, estava longe disso. Essa afirmação ficou mais forte após a seleção ser eliminada na 1ª fase ainda e no período pós copa sofrer 2 duras derrotas  em amistosos para a poderosa Hungria de Puskás, 6x3 e 7x1. Porém esses vexames serviram para que a seleção anos depois aprendesse com os erros e finalmente pudesse erguer a taça de campeã mundial.
Já os EUA caíram também na 1ª fase da copa porém após essa copa, a seleção ficou praticamente 40 anos sem participar de uma copa, voltando apenas em 1990 na copa da Itália. sua seleção continuou fraca até a década de 90 onde não só a seleção começou a crescer e se fortalecer, mas os times e a liga. Essa vitória é tão relembrada como uma glória que em 2005 ela ganhou uma adaptação para as telonas que já foi mencionada com o título de "The Game of Their Lives" que no Brasil ficou conhecido como "Duelo de Campeões" e conta mais sobre esse fato na visão de um jornalista norte americano. O filme ainda conta com Tim Vickery, famoso jornalista da Sportv interpretando o papel de um narrador britânico.
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Filme que fala sobre este jogo, https://i.ytimg.com/vi/sOOH5855BlY/hqdefault.jpg
E o que podemos tirar com esse histórico jogo é que o futebol não pertence a alguns e sim a todos e que nem sempre favoritismo significa necessariamente vitória, é apenas favoritismo. Vimos também que as vezes é necessário aprender com os erros para conseguirmos o acerto. E esse fato é mais que a prova do porque o futebol é o esporte mais democrático e também o mais amado do mundo. 

Referências Bibliográficas










Todas acessadas às 17:00 do dia 11 de fevereiro de 2018.

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