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domingo, 25 de fevereiro de 2018

Tarde das Garrafadas

Olá, aqui é o Matheus com mais uma nova postagem e após a estréia da categoria Lista 5 com os 5 Times que caíram em Ostracismo, vou falar agora de um jogo marcante na história do Majestoso. Hoje vocês verão sobre a Tarde das Garrafadas, tema este sugerido pelo meu amigo Marcello, que a propósito, é torcedor do tricolor paulista. Antes de prosseguir, quero avisar que não torço para nenhum dos 2 clubes que protagonizaram esta partida e nem quero desmerecer um deles ou exaltar o outro, apenas relatar o fato que aconteceu e falar sobre essa partida que entrou pra história como uma das mais marcantes do clássico. Então sem mais enrolações vamos falar desse acontecimento histórico.

Contexto Histórico


Em 1957 no Brasil ainda não existia um torneio nacional de clube, sendo que os principais torneios das equipes eram os campeonatos estaduais e alguns torneios regionais como o famoso Torneio Rio- São Paulo. No caso de São Paulo, obviamente era o campeonato paulista que junto ao campeonato carioca já eram os principais estaduais do Brasil. E o campeonato de 1957 acabou entrando para a história do Clássico Majestoso (nome dado ao confronto entre Corinthians e São Paulo, por serem as 2 equipes do estado que mais venceram derbys /clássicos), com o capítulo da Tarde das Garrafadas, e para entendermos melhor esse acontecimento, irei falar sobre o momento de cada equipe.
Ambos os clubes já estavam entre os maiores vencedores do estado, sendo que o Timão (Um dos vários apelidos do Corinthians) já era o maior campeão estadual com 15 títulos e o Tricolor (Uma das várias alcunhas do São Paulo) tinha ao todos 7 títulos, sendo o 4º maior campeão, ficando atrás do Palmeiras com 12 conquistas e o Paulistano com 11 conquista (Esse time já estava extinto na época e foi um dos clubes que após o fechamento, formou o próprio tricolor), sendo que nessa década os 2 juntos até 1956 tinham conquistado 4 títulos, 3 do Corinthians (1951, 52 e 54) e 1 do São Paulo (1953), além de terem sido vices nas edições de 55 (No caso o Corinthians) e 56 (nesse caso o São Paulo), ambas as edições vencidas pelo Santos, no começo da famosa Era Pelé. Vale lembrar que essa época é lembrada por torcedores corintianos como A Era de Ouro do clube, sendo considerada por alguns torcedores como a melhor da equipe, enquanto que para o São Paulo, foi uma década que marcou pouco o clube.
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Foto do time campeão de 1953, https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF0Goj6gA0EcgpbLSk7qFrfzgA2bfVEw7gbPjD9q-beYlksom-X-ewtCrgTxXhEveEBHu0Z5jwJKc-DwKSOsHXw4Ur3BkmnV9HfRWDQbarFk0KaeiRndicHV9-YecOhJGUdJzQOHo0ItE/s1600/sao+paulo+1953+jf.jpg
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Foto do time campeão de 1954, https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOk59-0HmIFjtY1WqbBM6LshIwzoTi7fc3iiiD88E1ZHPn8V9O19R5YTzC08_SV5jdEJfok3E8q8oVS_54fUoU5ek9kjGCVRjnZ55JW34NkSGmkkqVC9qy8knXNGAfNOuDhK6xl1GtimY/s1600/Campe%25C3%25A3o+Paulista+de+1954.jpg
Na época os 2 times ao lado do atual bicampeão Santos estavam entre os favoritos para a conquista. E estes clubes lutaram até o final pelo título. Para entender melhor, explicarei um pouco sobre o campeonato dessa temporada. Ele era organizado em pontos corridos com 20 clubes. Estes se enfrentavam em turno único onde cada vitória valia 2 pontos, cada empate 1 pontos e cada derrota 0 pontos. No final desse turno os 9 primeiros colocados passavam pra outro grupo chamado de Série Azul com 10 equipes também em pontos corridos com turno e returno onde o líder seria campeão, os 9 últimos colocados iriam para também um grupo com 10 clubes e também em turno e returno chamado de Série Branca, onde o lanterna dele seria o único rebaixado, e o 10º e 11º se enfrentariam em partidas de Play-Off, onde o vencedor iria pra para Série Azul e o perdedor pra Série Branca.
No final da 1ª fase passaram Corinthians, Santos, Portuguesa, Jabaquara, São Paulo, Ponte Preta, Palmeiras, XV Piracicaba, e Botafogo nessa ordem de classificação (do melhor pro pior), sendo que o Botafogo passou pelo Noroeste nos Play-Off. Na 2ª fase, Corinthians, São Paulo e Santos brigaram ponto a ponto pelo título sendo que o Corinthians chegava como líder na penúltima rodada precisando vencer pra ser campeão antecipado e detalhe, o time estava invicto até aquela rodada, ou seja, poderia conquistar o título invicto. Porém a derrota para o Santos por 1x0 e a suada vitória do São Paulo sobre o Palmeiras também por 1x0, fizeram com que a decisão caísse na última rodada. E quis o destino que o último jogo fosse um Majestoso, valendo o título do Paulista daquele ano.
A situação era a seguinte: Corinthians e São Paulo chegavam à última rodada com 28 pontos e precisavam da vitória para ser campeão, sendo que em caso de empate, disputariam um triangular final contra o Santos que na última rodada, um dia antes do Majestoso, goleou o Palmeiras por 4x1, assumindo temporariamente a 1ª colocação.
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Manchetes da época, http://acervosantosfc.com/wp-content/uploads/2016/12/paulista_1957.png

O Jogo


No dia 29 de dezembro de 1957 no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Pacaembu, São Paulo e Corinthians entravam em campo com a obrigação de vencer para ser campeão. Do lado do Timão tínhamos: Gilmar dos Santos Neves, Olavo e Oreco; Idário, Valmir e Benedito; Cláudio, Luisinho, Índio, Rafael e Zague; enquanto do lado do Tricolor tínhamos: Poy, De Sordi e Mauro Ramos de Oliveira; Sarará, Vítor e Riberto; Maurinho, Amauri, Gino Orlando, Zizinho e Canhoteiro. Quando a bola rolou, o 1º tempo viu o São Paulo ter mais domínio da partida, apesar do Corinthians ter tido as melhores chances. Mas apesar disso tudo, o 1º tempo terminou em 0x0 sendo que a chance mais clara de gol foi do alvinegro que aos 39 minutos, Benedito chuta uma bola em direção ao gol de Poy que agradece por ela ter explodido na trave e não ter entrado.
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Foto do time do Corinthians, https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2fHrvfJMhVrn8oXpNQ5yO0gpEo-TyxP42CjgS3j7nuXog2rYZNRsrkrzC_kCDM9UI4LBtvGZPPjLaVyMdfX86bsme9hfFd3vpgYJjoiw3MrTYIO2Mux4gQwiOYk1DT7nuffICSOyqHnw/s400/CORINTHIANS+1957+A.jpg
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Foto do time do São Paulo, http://memoriasdoesporte.com.br/wp-content/uploads/2017/07/18-5.jpg
Mas no 2º tempo a história do jogo mudou. O Corinthians começou logo no início indo com tudo ao ataque e parecia que faria o gol. Mas ficou no parecia mesmo porque aos 16 minutos, após uma cobrança de falta de Zizinho, Gino Orlando desvia de cabeça e Amauri entra cara a cara com Gylmar e marca o 1º do São Paulo na partida. 1 minuto depois Amaury lança Canhoteiro na esquerda e o ponta dribla Olavo e chuta na saída de Gylmar, ampliando para o tricolor. Porém quem achava que após o 2º gol do São Paulo a partida esfriaria se enganou, pois logo aos 21 minutos, Zague cruza na área, Índio toca de cabeça e Rafael, de bicicleta, diminui pro alvinegro. Após esse gol a partida ficou em aberto e o Corinthians continuou com a pressão pra cima do São Paulo tentando empatar de qualquer forma. Porém o ataque corintiano perdia muitas chances de gol enquanto o São Paulo dava chutão buscando matar o jogo no contra- ataque. E foi isso que aconteceu, de forma polêmica inclusive. Aos 34 minutos Gino lança a bola na ponta direita, mas o bandeirinha inglês Cross assinala impedimento de Maurinho. Porém ao perceber que o mesmo vinha de trás da zaga, abaixou e deixou a jogada seguir. Essa falha do bandeirinha fez Oreco, que estava marcando o jogador são-paulino na jogada, ficar parado e deixar que o ponta são paulino cara a cara com Gylmar marcasse o 3º do tricolor, praticamente matando o jogo em 3x1.
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Time do São Paulo comemorando o gol de Canhoteiro, https://cdn-images-1.medium.com/max/2000/1*jIhube7IbWOEXlFSU6hTsQ.jpeg
Após esse gol Maurinho, relatos dizem que o jogador teria provocado o goleiro corintiano, dando um tapinha na cara do mesmo e apontando pra bola que estava no fundo das redes, mostrando para Gylmar onde estava a bola e que isso fez o goleiro do time alvinegro partir pra cima do ponta são-paulino e então o tempo fechou. Graças à pancadaria que se instaurou, o árbitro paralisou a partida por alguns minutos sendo retomada depois. Também não é dito com certeza o tempo que a partida ficou paralisada, mas sabe-se que ficou em torno de 6 a 10 minutos. Após esse tempo paralisado, o árbitro retomou a partida que seguiu sem muita emoção, até o apito final.
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Manchetes da partida que acabou entrando pra história do clássico, http://old.gazetapress.com/v.php?1:116789:6

Pós- Jogo


Após a o apito final, a torcida do Corinthians em forma de protesto contra o gol validado pelo bandeirinha como forma de reclamar do “impedimento” no 3º gol do São Paulo, começou a tacar pedras, paus e principalmente garrafas em direção ao bandeirinha atrapalhando a festa do time do São Paulo, que não conseguiu fazer a volta olímpica no estádio. Por causa desse detalhe, esse jogo ficou conhecido como a Tarde das Garrafadas.
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Imagens do protesto da torcida corintiana, https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPWmHWGPqfcLCCbfGTN6NRv4-HG4tK6CDsQP8jALWS7ZRoAzq0WYHOhyv49ccV9-g-vGgfCsro28_lApra9MKT6j62tqNdbLTFj7ffmRe07-UzIwIFYLM9ppTvs2v7MwZvK-zJJ4hvSgk/s400/tarde+das+garrafadas+29.12.1957.jpg
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Foto do time campeão paulista de 1957, http://www.tricolormania.com.br/imagens/titulos/1957.jpg

Consequências do jogo


Após o término da partida o São Paulo foi campeão paulista de 1957, sendo que este título é sempre lembrado pela torcida até hoje como uma das maiores glórias do clube ainda mais se falando em um majestoso. Já o Corinthians, além de perder o título, caiu para a 3ª colocação graças à vitória do Santos no dia anterior. Esse resultado acabou sendo visto como um vexame para o time que a 2 rodadas do fim do campeonato, tinha o título em suas mão e ainda poderia ser campeão invicto.
Porém após esse ano, tanto o Corinthians quanto o São Paulo passaram por jejuns de títulos e a década de 60 é sempre lembrada como uma das mais fracas pra ambos os clubes, já que o São Paulo ficou 13 anos sem conquistar nada, muito por causa da construção do Morumbi, voltando a comemorar apenas em 1970, e o Corinthians ficou 23 anos sem ganhar nada de expressão, graças a uma crise instaurada em 1957 que foi o estopim desse jejum, encerrado apenas em 1977. Esses fatos aliados a época ter visto o Santos de Pelé e o Palmeiras de Ademir da Guia, fizeram os 2 perderem muita relevância de demorarem para voltar a ter os holofotes.
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Foto do Santos de Pelé bicampeão da libertadores em 1962 e 63, http://www.conmebol.com/sites/default/files/santos1962.jpg
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Foto do Palmeiras de Ademir da Guia, time já tricampeão nacional na época, http://memoriasdoesporte.com.br/wp-content/uploads/2017/06/foto-11.jpg
Mas uma coisa é certa, independente da época, o Majestoso tem uma rivalidade tão intensa que independente da época sempre tem jogos marcantes. E esse acontecimento é só mais uma prova disso.

Referências Bibliográficas
















Todos os links foram acessados no dia 23 de Fevereiro de 2018.

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